Observações das sondas espaciais Themis e Cluster, sugerem que os portais magnéticos da Terra abrem e fecham dezenas de vezes por dia.[Imagem: NASA]
Lançamento de satélites
Não fosse uma frota de quase 3 mil satélites em atividade ao redor da
Terra, seria difícil fazer coisas hoje consideradas triviais, como
orientar-se pelo GPS, consultar a previsão do tempo, pescar em alto-mar
ou monitorar queimadas na Amazônia.
A maioria dos serviços de TV e de internet também só são possíveis
porque o sinal primeiro faz um rápido passeio pela órbita terrestre
antes de chegar na casa, no computador ou no celular de cada um.
O problema é que, com aplicações cada vez mais diversificadas, o
tamanho dos satélites foi crescendo e hoje não são raros aqueles com
centenas ou até milhares de quilos.
E mais peso significa custos maiores. Dependendo do veículo lançador e
das condições, o preço pago para se colocar um satélite em órbita gira
entre US$ 10 mil e US$ 25 mil por quilo de carga útil - uma cotação
maior que a do quilo do ouro. Um único lançamento não sai por menos de
US$ 40 milhões.
Visão artística das diversas sondas espaciais que formarão o telescópio espacial Terrestrial Planet Finder. [Imagem: T.Herbst(MPIA)/NASA]
Voo espacial em formação
Enquanto uma tecnologia de lançamento mais barata não aparece, os
engenheiros espaciais apostam em outra possibilidade: fazer satélites
menores e que trabalhem em cooperação, tendência que se aplica
principalmente aos equipamentos de uso científico.
"Em vez de usar um grande telescópio espacial, por exemplo, é
possível ter três ou quatro pequenos satélites que, quando agrupados,
conseguem atuar como um telescópio", explica Othon Winter, pesquisador
na área de dinâmica orbital e professor da Faculdade de Engenharia da
Unesp em Guaratinguetá.
Uma vantagem, prossegue ele, é que "ao fazer observações em paralelo,
monitorando um objeto a partir de dois pontos diferentes, é possível
trazer informações mais interessantes para a missão".
As missões RBSP, que descobriu o terceiro anel de radiação da Terra, GRAIL, que está estudando a gravidade e o interior da Lua, STEREO, que revelou pela primeira vez imagens simultâneas dos dois lados do Sol e Artemis, que está estudando a magnetosfera terrestre, são alguns exemplos de que esse conceito de observações paralelas funciona para valer.
Existe pelo menos um projeto de um enxame de sondas espaciais espelhadas para livrar a Terra do impacto de asteroides. [Imagem: University of Glasgow]
Ciência divertida
Outra iniciativa mais divertida nessa área é o projeto Spheres de telerrobótica, desenvolvido pelo Laboratório de Sistemas Espaciais do MIT.
A ideia veio do filme Guerra nas Estrelas, em uma cena em que o
aspirante a Jedi Luke Skywalker tem de enfrentar uma espécie de robô
flutuante, capaz de navegar pelo espaço autonomamente.
No ano passado, os pequenos satélites protótipos do Spheres foram submetidos a testes na Estação Espacial Internacional e mostraram a capacidade de trocar de posição uns com os outros sem comando externo, enquanto flutuavam em gravidade zero.
Um vislumbre mais próximo do que pode vir primeiro é o projeto GRACE,
uma colaboração entre a NASA e a DLR, a agência espacial alemã. O Grace
é composto por dois satélites que voam em paralelo, a uma distância de
cerca de 220 km da Terra.
À medida que sobrevoam a superfície de nosso planeta, os satélites
vão sofrendo diferentes "puxões" gravitacionais, causados pela
movimentação da água e do ar e pela distribuição desigual da massa aqui
embaixo. Mas podem corrigir esse deslocamento porque estão dotados de
equipamentos capazes de perceber variações de posição de até 10
micrômetros.
Os três satélites da constelação SWARM vão voar em formação, comunicando-se para manter suas distâncias de forma precisa para mapear o campo magnético da Terra. [Imagem: ESA/AOES Medialab]
Aqui embaixo
No Brasil, o primeiro, e até agora único, trabalho nessa área -
chamada de "voo de satélites em formação" - foi orientada pelo professor
Winter e realizada pelo matemático equatoriano Francisco Tipán Salazar,
no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
O objetivo do trabalho foi investigar as melhores estratégias para
conduzir vários satélites a certas regiões especiais do espaço, onde
ficam os chamados pontos de Lagrange, que levam o nome do matemático francês Joseph Louis Lagrange (1736-1813).
Os pontos de Lagrange são lugares em que as forças de atração
gravitacional exercidas por duas massas têm valores iguais. Isto cria
uma zona mais estável; ideal, portanto, para a colocação de satélites e
estações espaciais.
Salazar trabalhou com os pontos de Lagrange relativos ao sistema
Terra-Lua, que são cinco. Como a Lua se move em relação à Terra, a
localização dos pontos acompanha esse movimento. O pesquisador trabalhou
com apenas um deles, o L4, que fica a 384 mil quilômetros da Terra.
Esta distância é muito maior do que a da maioria dos satélites de comunicação, que geralmente ficam a 36 mil quilômetros de altitude.
Para enviar um satélite até o ponto L4, o primeiro passo seria
levá-lo até a órbita terrestre, a cerca de 400 km de altitude, o que
pode ser feito por meio de lançamento comum. Depois seriam acionados os
propulsores do próprio satélite.
Movidos com um combustível chamado hidrazina e controlados da Terra,
esses propulsores permitem ajustar a posição dos satélites. Como no
espaço o atrito é virtualmente desprezível, basta acioná-los por poucos
segundos a fim de se acelerar o equipamento para que ele se desloque até
certa órbita. Uma vez chegando lá, os propulsores são novamente
acionados, desta vez para desacelerá-lo e posicioná-lo na região
adequada.
A teoria já é bem conhecida. Mas não há previsão de quando o Brasil tirará proveito dela.
http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=satelites-pequenos-voando-formacao&id=010130131008&ebol=sim
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