Fernando Augusto Almeida Neves

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sexta-feira, 5 de julho de 2013

O que o governo ainda pode fazer para segurar o dólar

“O câmbio, de toda maneira, teria que estar mais caro mesmo”, diz professor do Ibmec


São Paulo - Até a sexta-feira da última semana observou-se a subida do dólar em relação ao real. No último dia da semana, a moeda fechou em queda, por influência de fatores externos e internos. Para economistas, a mistura da falta de credibilidade da política econômica brasileira com a redução do programa de estímulos à economia dos Estados Unidos levaram o real à desvalorização – o que também pode afetarinflação e, consequentemente, a taxa de juros.

O Boletim Focus divulgado na manhã de hoje elevou sua projeção para a taxa de câmbio em 2013 e 2014. Após manutenção na última semana, a expectativa do Boletim para a taxa de câmbio (fim de período) em 2013 passou de 2,10 (real/dólar) para 2,13 e a projeção para 2014, saltou de 2,15 (real/dólar) para 2,20. Há cerca de um ano, o cenário era bem diferente – o dólar não saía da faixa entre 2 reais e 2,10 reais e o governo fazia intervenções tendo em vista manter a moeda nessa faixa. Na semana passada, a venda de dólares no mercado futuro não impediu que o dólar chegasse a 2,25 reais na quinta-feira.

No começo do mês, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, eliminou o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% sobre aplicações de renda fixa de estrangeiros no Brasil e também zerou a alíquota de IOF, que estava em 1%, sobre e venda de dólares no mercado futuro. Na semana passada, foi a vez do swap cambial (venda de dólares no mercado futuro).

As medidas tornam a vida do investidor estrangeiro mais fácil, mas não foram suficientes, segundo Mauro Rochlin, professor do Ibmec-RJ. Para o economista, uma opção que ainda poderia ser adotada pelo governo é vender dólar à vista no mercado. 

“Aparentemente o nível de reservas é muito alto, cerca de 1,5 de um ano de exportações. Nesse parâmetro, o nível é muito alto, por outro lado o volume do capital especulativo no Brasil é muito elevado”, disse. Apenas em uma situação limite – diferente da que se vive hoje, segundo Rochlin – as reservas não seriam suficientes. Em 19 de junho, as reservas eram de 376,111 bilhões de dólares, pouco abaixo dos 378,613 bilhões de dólares que o país possuía no final de 2012 (ver tabela no final da matéria) e acima dos 239,054 bilhões de dólares do final de 2009. 

Há um ou dois anos, o governo comprou reservas para evitar a apreciação, agora o governo pode aproveitar o acumulo e vender, segundo Marçal. Uma política fiscal mais contracionista ajudaria a inflação nesse momento, de acordo com o professor. “O governo tem instrumentos via Banco Central e via gasto publico para controlar a inflação. Não é só juros”, disse.

Ainda há várias medidas que podem ser feitas para evitar uma alta abrupta do dólar ante o real, segundo Emerson Marçal, professor da escola de economia da FGV-SP, incluindo vender reservas de forma mais agressiva e uma série de pequenos instrumentos e medidas para tornar a transição mais suave, como operações de gestão do dia-a-dia - restringir quanto os bancos podem comprar de dólar, por exemplo.

http://exame.abril.com.br/economia/noticias/o-que-o-governo-ainda-pode-fazer-para-segurar-o-dolar?utm_source=newsletter&utm_medium=e-mail&utm_campaign=news-diaria.html

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