seg, 08/07/13
por Helton Simões Gomes |
categoria Startups
Tentando criar um game, os brasileiros da Kinetics criaram uma forma de transferir documentos de um smartphone para outro por meio do som. De quebra, desenvolveram uma alternativa à tecnologia tida como o futuro dos pagamentos móveis, o NFC (Near Field Comunication).
O Nearbytes nasceu com a ideia de montar um jogo que simulasse a troca entre celulares de figurinhas para preencher um álbum, conta Marcelo Ramos, diretor de operações da empresa. A ideia parecia boa, mas esbarraram na dificuldade de como fazer a transferência entre os aparelhos.
Descartaram fazê-lo pela internet (“Vai ser um problema”, pensou Ramos), por Bluetooth (“É difícil parear um celular com outro, tem que trocar senha, um aparelho Android não ‘conversa’ com um iOS”) e o próprio NFC (“São ainda poucos smartphones que usam a tecnologia”). Por que não usar o som, pensaram, afinal barulho todo celular faz?
Para provar o conceito, a Kinetics criou o S-Contact, um aplicativo que roda a tecnologia para transferir cartões de visita entre smartphones. Uma versão desse aplicativo foi utilizada em uma feira no Reino Unido e outra será utilizada na feira de tecnologia da informação Rio Info 2013, que ocorre em setembro.
Grosso modo, a tecnologia funciona assim: um celular transforma dados em som para passar essas informações a outro aparelho, como em uma conversa; o receptor “ouve” e decodifica o barulhinho em dados.
Apesar de permitir aos celulares “falarem”, não é possível que os aparelhos “gritem” com o Nearbytes. Para a transmissão ocorrer, têm de estar a cerca de dez centímetros um do outro. A velocidade gira em torno de 100 Kbps.
“As pessoas não entendem que o som pode ser transformado em dado. Você pode deixar os aparelhos em modo avião e vão se comunicar”, diz Ramos. Apesar de usar frequências altas, “ainda é audível”. “O pessoal gosta de saber que os dados estão sendo transferidos. Mas ainda assim é muito mais baixo do que o volume em que as pessoas ouvem nos iPods delas.”
Um kit de desenvolvimento foi disponibilizado em maio a quem quisesse se aventurar a criar um aplicativo que utilizasse a funcionalidade, já compatível nos smartphones que utilizam Android, do Google, e iOS, da Apple, além dos computadores com Windows, Linux e MAC iOS. Já há 70 desenvolvedores testando, calcula Ramos.
Além da troca de cartões de visita virtuais, o Nearbytes pode ser usado também para fazer pagamentos—daí ser uma alternativa ao NFC. Com a diferença que, para garantir a segurança, a tecnologia utiliza “informações descartáveis”, ou seja, o som emitido por um celular só vale para aquela operação, além de os dados não poderem ser usados em outra transação.
Graças a isso, segundo Ramos, já há negociações com empresas brasileiras e norte-americanas para implantar a tecnologia em catracas de estacionamento e utilizá-la no lugar de bilhetes do transporte público.
O próximo passo é conquistar o financiamento de algum fundo de investimento para continuar promovendo a tecnologia. Segundo Ramos, o intuito é levantar R$ 2 milhões. Há conversas com três fundos, conta.
Em tempos de Copa de Mundo, quem quiser trocar figurinhas pelo celular, no entanto, não vai conseguir. “Não fizemos o tal game até hoje”, brinca Ramos.
http://g1.globo.com/tecnologia/startup/platb/2013/07/08/brasileiros-criam-tecnologia-para-celular-transferir-dados-pelo-som/?utm_source=Twitter&utm_medium=Social&utm_campaign=Pesquisa2&goback=.gde_145755_member_256649421
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