O padrão natural proporcionado pelas asas da borboleta cria uma grande
área superficial de recepção da luz. [Imagem: Miyako et al./ACS Nano]
Com informações da New Scientist
As asas das borboletas carregam bem mais do que beleza.
Além de serem leves, finas e flexíveis, elas absorvem energia solar, não se molham e são capazes de se autolimpar.
Mas será que até mesmo o futuro dos circuitos eletrônicos em nanoescala poderia ser encontrado nas asas de uma borboleta?
Isto é o que está sinalizando o trabalho de uma equipe liderada por
Eijiro Miyako, do Instituto Nacional de Ciência Industrial Avançada, no
Japão.
Utilizando os padrões encontrados na superfície da asa da borboleta Morpho sulkowskyi
como modelo, eles construíram redes de nanotubos de carbono que podem
fazer coisas tão extraordinárias quanto converter luz em calor e
reproduzir sequências de DNA.
Nanobiocompósito
É claro que nem tudo é apenas inspirado pela natureza.
O material é um híbrido formado por asas de borboleta infundidas com um nanocarbono que acompanha os traços naturais do animal.
Trata-se de um "nanobiocompósito", no qual a asa da borboleta
funciona como um molde cuja estrutura é muito difícil de ser reproduzida
artificialmente.
Segundo os pesquisadores, o material tem inúmeras possibilidades de
aplicação, no diagnóstico digital de doença, na criação de células
solares microscópicas e flexíveis, em baterias sustentáveis ou até mesmo
para ajudar a criar componentes eletrônicos de vestir.
A superfície das asas da Morpho sulkowskyi já são
essencialmente cobertas por células solares em nanoescala, estruturas em
formato de favo de mel que prendem a luz de forma muito parecida com um
cabo de fibra óptica - e a convertem em calor para manter o inseto
quente em ambientes frios.
Esta é uma das funcionalidades que os pesquisadores querem reproduzir.
Moldes biológicos
Quando foram depositados sobre as asas da borboleta, os nanotubos de
carbono se automontaram em nanoestruturas multicamadas que imitam as
estruturas hexagonais da Morpho, criando um material compósito que pode ser ativado com um laser.
O padrão natural proporcionado pelas asas da borboleta cria uma
grande área superficial de recepção da luz, e as propriedades físicas
dos nanotubos de carbono produzem calor por meio da energia vibracional.
O material resultante aquece-se mais rapidamente do que os
componentes originais individuais - a asa da borboleta ou os
nanocarbonos - apresentando ainda elevada condutividade elétrica.
De forma surpreendente, o material tem a capacidade de copiar o DNA na sua superfície, sem absorvê-lo.
Nanofabricação
O estudo mostra o potencial da nanofabricação, embora, por enquanto,
seja difícil copiar artificialmente os moldes encontrados naturalmente
nas asas da borboleta.
"Talvez devêssemos alimentar um monte de borboletas em fábricas ou
algo parecido. O que você acha?" brinca Miyako, ressaltando que ainda
não tem uma ideia de como escalonar sua ideia para aplicações práticas.
Isso terá que esperar o desenvolvimento de tecnologias de nanofabricação ainda mais avançadas, que permitam de fato reproduzir artificialmente as estruturas copiadas das asas das borboletas.
Bibliografia:
Self-Assembled Carbon Nanotube Honeycomb Networks Using a Butterfly Wing Template as a Multifunctional Nanobiohybrid
Eijiro Miyako, Takushi Sugino, Toshiya Okazaki, Alberto Bianco, Masako Yudasaka, Sumio Iijima
ACS Nano
Vol.: Article ASAP
DOI: 10.1021/nn403083v
Self-Assembled Carbon Nanotube Honeycomb Networks Using a Butterfly Wing Template as a Multifunctional Nanobiohybrid
Eijiro Miyako, Takushi Sugino, Toshiya Okazaki, Alberto Bianco, Masako Yudasaka, Sumio Iijima
ACS Nano
Vol.: Article ASAP
DOI: 10.1021/nn403083v
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